terça-feira, 30 de novembro de 2010

O último desafio


Finalmente chegara. O último desafio. Apenas uma prova o separava de se tornar imortal.
Sua busca havia começado a um ano. Um ano atrás estava ele pedindo aos deuses a imortalidade. Estes, por sua vez, disseram que a imortalidade lhe seria concedida se realizasse com sucesso 7 tarefas.
Lutara com monstros. Enfrentara seus maiores medos e pesadelos. Desvendara enigmas quase impossíveis. E agora, ali estava. Ali, onde descobriu localizar-se a última tarefa.
Abriu a porta a sua frente. Esperava no mínimo uma caverna escura, exalando terror, mas o que via era um longo jardim. Um jardim lindo que não poderia imaginar nem em seus maiores sonhos. Adentrou. A porta se fechou as suas costas. Avistou ao longe uma árvore e seguiu em sua direção. Ao se aproximar pôde perceber um vulto sentado junto a árvore.
Em poucos minutos chegou perto da árvore. O vulto que vira era uma mulher. Uma linda mulher. A mais bela mulher que já vira em toda a sua vida.
- Finalmente chegaste herói - ela disse levantando-se.
- Quem é você? O que fazes aqui? - ele perguntou.
- Sou uma mensageira dos deuses. Eles me mandaram aqui para ficar a sua espera. Informar-lhe do corte de gastos.
- Corte de gastos?
- Sim. Esta é a árvore da imortalidade, seu fruto é o que procuras. Era para haver um imenso dragão guardando esta árvore, seria a sétima prova, mas houve um corte de gastos, o dragão foi demitido e as sete tarefas tornaram-se apenas seis. Parabéns herói, serás o primeiro a tornar-te imortal.
O herói embainhou a espada que segurava. Mal podia acreditar. Iria conseguir aquilo que tanto almejara.
- Apenas uma coisa antes que torne-se imortal - a mensageira voltou a falar.
Ela se aproximou e parou em frente ao herói. Era tão linda. Ela fechou os olhos. O herói não podia controlar-se. Beijou-a. Beijou-a como nunca antes havia beijado. Beijou-a com amor, completamente apaixonado. Mas seu momento de êxtase se desmanchou em dor. Se afastou. Um punhal atravessava seu peito e se fincava em seu coração. Caiu de joelhos. Tossiu. E então caiu ao chão. Um corpo sem vida.
Após tanto batalhar. Após ter todas as suas habilidades testadas. Falecera diante de seu maior desejo.
Após enfrentar tantos monstros, falecera nas mãos de uma única mulher.
A mulher sorriu e sentou-se próxima a árvore, esperando pelo próximo herói ao qual o coração deveria enganar e apunhalar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Para sempre

Andava calmamente pela rua. A fina chuva caía sobre a menina, mas ela não ligava, gostava da chuva. A rua estava movimentada. Várias pessoas passavam por ela com seus guarda-chuvas, apressadas para ficar o menos tempo possível sob a chuva. Ela não entendia o porquê, adorava a chuva, principalmente aquela fininha.
Sua caminhada a levou à pracinha, onde finalmente avistou alguém também sem guarda-chuva. Ele estava sentando em um banco com a cabeça baixa. Aproximou-se. O menino soluçava. Estava chorando.
- Eu adoro a chuva - ela disse.
Ele levantou a cabeça, olhou para ela e abaixou novamente.
- É tão bom quando você olha para cima e sente ela pingar e escorrer no seu rosto - o menino continuava calado e cabisbaixo - Sabe, não vale a pena chorar, vamos lá, se anime. Óh, vou cantar pra te animar, sinta-se honrado.
Ela então começou a cantar uma música eletrônica fazendo inclusive os sons da batida. Ele riu.
- Ei, não ria das minhas habilidades supremas de canto - e ele riu ainda mais – Tá, talvez eu não seja a melhor cantora que há.
- Realmente não é - ele falou pela primeira vez.
- Olha como fala, eu to aqui me disponibilizando a te alegrar e você fala assim de mim, mais respeito moleque.
E os dois se encararam e riram.
Aquela pequena conversa se estendeu e quando menos perceberam a chuva já havia passado, ambos estavam sorridentes e rindo e ela se apercebera que tinha que ir.
- Como a gente pode fazer pra se encontrar de novo? - ela perguntou.
- Não sei, eu não sou daqui, então acho que vai demorar um bocado - ele respondeu com pesar - Mas a gente se comunica até lá.
No dia seguinte ele partiu. Durante muito tempo eles trocaram cartas. Mas depois de alguns anos ela parou de receber cartas. Eles perderam contato e deixaram de se falar.
Passado mais algum tempo, a menina já havia superado a perda da amizade pela qual tanto prezava.
Um dia seu cantor preferido ia fazer um show na cidade. Ela foi. Enquanto escutava aquelas músicas que tanto gostava o cantor avisou que cantaria uma música nova. Ela logo ficou ansiosa para escutar como a música seria, mas quando a música começou ela se deprimiu. A música falava sobre uma grande amizade de infância do cantor. Ela se sentiu sozinha.
De repente não via mais nada. Não, não havia ficado cega, não havia desmaiado e muito menos morrido. Duas mãos tapavam seus olhos.
- Odeio multidões, fica difícil achar alguém no meio delas - disse uma voz indignada.
Ela logo tirou as mãos que lhe tapavam a visão e abraçou o menino que não via há tanto tempo. E chorava. Chorava como nunca havia chorado antes.
- Não chore, sorria, sabe, não vale a pena chorar - ele disse.
- Bobo - ela disse limpando as lágrimas e sorrindo - Por que você deixou de mandar cartas?
- Eu não deixei. Foi uma amiga minha que estava com ciúmes. Você acredita que ela estava pagando o carteiro para não entregar as cartas?
- Vindo de você eu acredito nessas esquisitices - e riu.
- Bobona - ele disse rindo - Como você achou que eu iria esquecer de você? Como você achou que eu ia esquecer de uma pessoa tão divertida, tão engraçada. Uma pessoa que conseguiu conquistar minha amizade em poucas palavras. Uma pessoa que me fez ficar mais feliz quando eu estava triste. Uma pessoa que veio divertindo meus dias desde que a conheci. Uma pessoa de um caráter induvidável, super sincera e confiável. Uma pessoa maravilhosa, divertida, engraçada e linda. Como eu esqueceria alguém assim?
Ela o abraçou chorando novamente. A música terminava ao fundo. Os dois assistiram ao resto do show juntos. Abraçados. E aquela amizade duraria por muito tempo. Da maneira como os dois queriam desde o início.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

No meio da loucura

Ele não queria estar ali. Por que fora chamado? Era tão novo. Chegaram um dia em sua casa apenas avisando que os homens da casa seriam levados. Não teve nenhuma opção.
Agora estava ali, em meio àquele caos. Sem volta. Seguindo ordens que não queria, de gente que não gostava e ainda lhe diziam que era para um bem maior.
Todo dia era obrigado a conviver com aquela selvageria.
Ao fim de tudo aquilo, finalmente pôde voltar a sua vida, mas a imagem daquele horror não lhe saía da cabeça.
Morreu meses depois. A loucura lhe tomou conta. Suicidou-se.

"Why don't presidents fight the war,
Why do they always send the poor?"

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ombro-amigo

Sua vida havia virado um inferno. Essa era a unica explicação que a jovem conseguia dar à suas amigas, que perguntavam o por que de todo aquele choro. Não adiantava nada, suas amigas faziam carinhos em seus belos cabelos cacheados, elogiavam-a para que se sentisse melhor, tentavam tomar suas dores e xingavam todo e qualquer possível responsável pela infelicidade dela. Nada. A jovem continuava aos prantos e continuava sem conseguir se explicar melhor que: "minha vida se tornou um inferno!" Já sem ideias de como acalmar a garota e perdendo também um pouco da paciência pelo fato de ela não se expressar melhor, as amigas foram perdendo as esperanças de ajudá-la. Então todas se calaram de repente assustadas, ou melhor, surpresas com quem viam ali. Aquele silêncio chamou a atenção da jovem que separou sua cabeça de seus joelhos, aos quais abraçava com toda sua força, e levantou seu olhar para averiguar quando se deu de frente para com um rosto familiar. Era um rapaz de sua classe, ninguém mau, mas ninguém que esperasse ver naquele momento. Um rapaz que nunca escondera sua frieza, nunca amara ninguém de fora de sua família e agora estava ali se pondo a ajudar uma mera conhecida em momento de tristeza. Ela não entendeu muito bem mas antes que ela disse-se alguma coisa ele pôs a mão sua face de forma surpreendentemente suave, e sem perguntar o que houve sem exigir dela que se expressa-se sorriu e disse:"sabe, você ta ainda mais bonita agora que parou de chorar". A jovem riu e enquanto ria percebeu que era verdade, ela não chorava mais. Preocupada em entender o que ele estava fazendo ali, ela por alguns instantes tinha esquecido de seus problemas e antes que ela pudesse lembrar ele a fez rir. Então ele disse:"Pra que tanto riso? Só porque eu disse que você está mais bonita sem chorar não quer dizer que você tem que se exibir." E ela emendou as risadas, não dando tempo aos problemas que voltassem. Aproveitando o bom momento o rapaz pediu a ela que se levantasse estendo-a a mão gentilmente. Assim que ela levantou com sua ajuda, ele a abraçou sussurrando "vem ca" e com força e sutileza igualmente espantosas. Ela se assustou por estar sendo abraçada por um conhecido tão "não próximo" mas não conseguiu resistir, fechou os olhos e aproveitou aquele abraço. As amigas não entenderam nada, como elas que perguntaram tudo que podiam, que falaram as mais belas palavras e os mais belos juramentos de amizade não conseguiram em mais de meia hora o que ele conseguiu em menos de um minuto? Não percebiam que se preocuparam em tentar parecer boas amigas, para que ela não se sentisse só, ou em entender o que estava ocorrendo, nada disso era necessário. Ela não queria ser entendida ou acompanhada. Só queria se sentir melhor. E foi exatamente isso que o, antes julgado como frio, rapaz fez. Ele a fez se distanciar dos problemas por tempo suficiente para que ela se sentisse um pouco melhor. Como? Com o melhor remédio para todo rosto triste, uma boa risada. Então o menino pergunta, bem baixinho: "já se sente melhor?" E ela respondeu: "sim, mas por favor não me solte ainda." Ele não disse mais nada, apenas atendeu ao pedido. Após algo próximo a 3 minutos de abraço, ela vê que todas as amigas haviam ido e pergunta a ele: "por que o seu abraço é tão gostoso?" Ele dá uma risadinha de canto de boca e responde: "Eu tenho uma teoria..." E vai-se a explicar a seguinte teoria:"acredito que Deus faz a todos nós com um "pacote" de qualidades, afinal todo ser humano tem algumas coisas boas em si. Mas acredito também que ele não fez isso comigo, resolveu que eu seria diferente. Como você deve ter ouvido ou percebido, sou uma pessoa fria, logo não muito amorosa delicada ou gentil na maior parte do tempo. Também pode ver que não sou nenhum modelo, digo-lhe também que não tenho uma inteligência de alguém super-dotado ou algo assim. Pois bem, Deus decidiu que eu não teria nada disso, que eu teria uma e apenas uma qualidade. Mas obviamente não quis ser injusto comigo, então decidiu que seria a melhor de todas, a qualidade das qualidades. Deus me tornou então o melhor suporte que todo e qualquer ser humano que me conhecesse teria em toda sua vida". Terminada a louca teoria a menina mais uma vez se pôs a rir, uma risada pura e ainda mais alegre, pois ela percebera que tinha ganho um poderoso suporte para quando se sentisse desmoronar. Mais que isso, o melhor suporte de todos, mais que isso, um amigo. E se despediu sabendo que seus problemas não tinham sumido mas que, sentindo-se melhor, poderia enfrentá-los e que podia contar com um novo amigo. Não só um amigo, mais que isso, seu melhor e mais novo ombro-amigo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Queda livre

À centenas de metros do chão um jovem rapaz se encontra em queda livre. Ele está assustado, claro que isso parece natural, mas algo diz que não é do impacto que o rapaz tem medo. Observando tudo de ainda mais alto, está Deus, e ele mesmo com sua infinita sabedoria se pergunta o que há com o jovem em queda livre. Então com a intenção de tirar a expressão assustada daquele tão jovem rosto diz:
-Relaxe, do chão você não passa.
Prontamente o jovem responde a Deus como se fosse alguém comum, como se fosse apenas mais um jovem:
-É isso que me assusta.
Espantado Deus pergunta:
-O que quer dizer meu filho?
Após um curto e triste suspiro vem a resposta:
-Há não muito tempo descobri que alguns dos piores demônios não estão no inferno, mas no mesmo lugar aonde estou prestes a pousar.
Deus não se pôs a responder, deixou que a queda guiasse o rapaz. Então o rapaz com a mesma questão em mente continuou a descer, até que...Seus olhos se abriram , era um sonho. Ainda meio ofegante o rapaz se levanta e se olha no espelho, reparando que agora não se via mais uma expressão assustada. Seus olhos mostravam fé, seus punhos fechados com tanta força quanto ele conseguia fechá-los, determinação. Aquele jovem se tornara homem, um homem destinado a fazer o possível para parar o mundo. Lutando para que os olhos de todos se abrissem, como os dele se abriram, mostrando que não era ele em queda livre e sim, todo o mundo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um sorriso

Desembarquei do avião. Peguei minhas malas e segui para o portão. Cabisbaixo.
O aeroporto estava cheio. Avistei um menino sentado em suas malas, encarando o chão, com aparência triste. Um tempo depois uma menina aparece a sua frente. Ele levanta o rosto. Percebe-se em seu rosto a alegria, em seu olhar a emoção. Um sorriso. A menina lhe dá um rápido beijo. Eles se abraçam e seguem em direção à saída.
Sento-me em minhas malas. Não mais estou cabisbaixo. Vejo-a se aproximando. Vindo em minha direção. Um sorriso

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Feliz em tê-los

Meio chatos,
protetores,
mulatos,
encantadores.

Já bem vividos,
conselheiros,
já bem antigos
companheiros.

Esquecida ela,
reclamão ele,
ele reclama do esquecimento dela
e ela não esquece as reclamações dele.

Há dezessete anos
eu pude conheçe-los,
por dezessete anos
sou feliz por tê-los.

Não agredeço
por me pôr no mundo,
vocês fizeram muito mais.
E esclareço:
sinto um orgulho profundo,
me orgulho de MEUS PAIS.

domingo, 18 de julho de 2010

Minha obra

Se vocabulário falta,
criatividade sobra.
Palavras são meus tijolos
E essa aqui é minha obra.

Mas não me chame de engenheiro,
sou um terno pião
com muito a aprender.
Em busca da superação.

Cada andar é um pensamento
feito de bons argumentos,
Com alguns quilos de sentimento.
Essa é minha construção.

Sem falsidade.
Isso ta fora da minha planta,
no meu prédio toca um som
que a todos males espanta.

E se a voz traz proteção,
a vista relaxamento
vejo a beleza do mundo
de cada apartamento.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Momentos

O menino olhava para o pôr-do-Sol. Era a primeira vez que via um pôr-do-Sol. Era a primeira vez que ia a uma praia. Era a primeira vez que sentia os lábios de uma mulher tocar os seus. A sensação era estranha e boa ao mesmo tempo. Não era algo que desse para se imaginar. Separou seu rosto do dela e fitou seus olhos. Olhos lindos, azuis como o mar a sua frente. Cabelo ruivo, contrastante com o pôr-do-Sol. Foi o momento perfeito.
Ela riu. "Que foi?" ele indagou. "Nada. É só que você ficou tão maravilhado. Seus olhos estavam brilhando de emoção" e riu de novo. "Você entende o porquê". "Sim, eu entendo".
Não trocaram mais palavras. Não era necessário. Olhavam um nos olhos do outro. Se beijaram de novo. Um beijo mais longo. Mais intenso. Separaram os rostos e encararam a praia. E o menino olhava para o pôr-do-Sol. Era a primeira vez que via um pôr-do-Sol.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tristeza

Bate tristonho em meu peito,
com força quase nenhuma
e não sei como dar um jeito
para que essa dor suma.

Como livrar-me da dor
se não sei como me atingiu?
E seja como for
minha alegria esvaiu

A dor de perda alguma
ou a de estar só,
descobri que nenhuma
das duas é a pior.

O pior é não saber
a razão de seu sofrer,
pois enquanto não descobrir
serei incapaz de fugir...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Terapia


Após alguns segundos se olhando,
o ouvinte pergunta:
Como você esta?
E no sofa se ajeitando,
o menino responde:
Não sei como lhe contar
Sendo bom no que faz,
o ouvinte insiste
e já não aguentando mais
o menino desiste

Por horas afim
palavras voam.
Em um desabafo sem fim
sentimentos ecoam.

Terminados os assuntos
ouvinte e menino se despedem.
Dois amigos que juntos
se ajudam e cerscem.
Exercendo função
de terapeuta e paciente
amigos se ouvem, em discução,
e desabafo comovente.

PS.:escrevo este texto em agradecimento a todos que lêem meus textos, vocês são meus terapeutas a ouvir meu desabafo (em forma de poesia) e especialmente a amigos como Hugo Gomes que mais que ninguém divide comigo a função de ouvinte.

sábado, 26 de junho de 2010

Reações


Estava decidido, eles iriam para Formidonis. Rodrigo e seus amigos tinham ouvido falar dessa cidade há algum tempo. Diziam que a cidade em si não tinha nada de mais e era tudo muito barato, mas o que chamava atenção nela era um parque. Um parque dedicado apenas ao terror. E nesse parque, um brinquedo. Um brinquedo que era considerado o brinquedo mais assustador do mundo. Um simples trem fantasma, mas que metia medo em todos que nele entravam.
E eles foram. Alugaram um micro-ônibus e partiram para a cidade. Iriam ficar por uma semana lá, em uma casa alugada.
Logo na noite do primeiro dia eles resolveram ir ao parque e entrar no tão falado brinquedo. Entravam dois por vez e sempre saíam com o medo estampado no rosto. Chegara então a vez de Rodrigo, iria sozinho. Entrou. Foi a primeira vez que realmente experimentou o medo, mas era um menino orgulhoso demais e reprimiu seu sentimento para se gabar com seus amigos.
Aproveitaram o resto do parque e voltaram pra casa. Já era tarde.
Naquela mesma noite, apareceu para Rodrigo uma mulher de longos cabelos negros jogados na frente do rosto, coberta por um manto negro e segurando uma tesoura em uma das mãos. Antes que Rodrigo pudesse esboçar uma reação, ela matou sua amiga que estava passeando com ele. Não havia mais ninguém por perto. Ele correu. Correu e conseguiu fugir da mulher.
Todos estavam triste com a morte de Belatrice, mas não fora a única. Noite após noite amigos de Rodrigo eram mortos pela mesma mulher, com a mesma tesoura, e Rodrigo sempre conseguia fugir. A polícia não conseguia entender porque aqueles adolescentes estavam sendo assassinados um após o outro.
Na quinta noite um deles conseguiu escapar da mulher, seu melhor amigo. No dia seguinte, a polícia acusa Rodrigo de ser o assassino e o prende. Após interrogatório ele é mandado para um instituto para pessoas com perturbações mentais.
Sexta noite. Rodrigo está em seu quarto branco. Quando a porta se abre. A mulher entra. ele corre pelo quarto gritando. Ela passa por ele em direção a cama. Ele corre para a porta. Trancada. Ele berra, berra, mas no meio de loucos, berros são constantes. A mulher se agacha e retira um haste de metal pontiaguda da cama que já estava quase solta. Segue em direção a Rodrigo. Levanta a haste e finca-a em Rodrigo. A mulher desaparece. Rodrigo segura em suas mãos uma haste de metal, perfurando o próprio peito. Cai encostado na porta. Morto.
Do lado de fora sua ficha presa à porta cai, nela pode-se ver escrito:

Paciente: Rodrigo Diaz Machado
Notas: O paciente sofre de dupla personalidade. Assassinou diversos amigos não estando em estado normal. Repressão de um forte sentimento pode ter sido a causa para tal distúrbio ter se iniciado.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Alguém sabe me dizer?


Alguém sabe me dizer?
Me dizer o que dói mais.
O vazio
que a perda vem gerar?
Ou o vazio
sem data nem certeza de acabar?

Alguém sabe me dizer?
Dizer o que escolheria.
Se sofrer com uma perda
ou se nem começaria
aquilo, que perdendo
ou nunca tendo,
lhe fará falta um dia.

Alguém sabe me dizer?
Me dizer o dói mais.
Perder alguém que te amou
ou não te amarem jamais?
A tristeza e a dor
de ser abandonado
ou a angústia e o temor
de nunca ser amado?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A escolha


Tão dificil decidir
por qual caminho devo ir,
sabendo que minha escolha
poderá te ferir.

Mas se te escolher,
é ela quem sofrerá.
Tão difícil decidir.
Por quê duas fui amar?

O seu sorriso
me tira do sério.
Mas a voz dela
retoma o mistério.

O seu toque
me lembra como é bom te amar.
Mas as mãos dela
são como nuvens a me acariciar.

O amor sempre vence!?
Mas como pode ser?
Quando o amor enfrenta amor,
um amor deve morrer!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A busca (uma história de amor)

Uma longa busca,
a qual não terminei.
Não importando por onde vim
ainda não te achei,
deixando só duas pegadas
no caminho que trilhei.

Um feliz caminho,
isso não devo negar.
Mas se não fosse tão sozinho
seria mais fácil de trilhar.
Se com alguma história de amor
pudesse me identificar.

Tudo que vivi,
as mulheres que beijei
ou os carinho que senti,
as peles que toquei
e de quem me despedi
trazem boas lembranças
mas frágeis sentimentos
e isso, agora,
toma meus pensamentos.

Porque...
uma busca tão pura
não consigo terminar?
Por que...
a batalha mais dura
tem que ser a de amar?

Mas mantenho a esperança
de um dia te encontrar
e então quatro pegadas
poderemos deixar,
no novo caminho
que nosso amor irá trilhar
e assim,
nossa própria história de amor
nós iremos começar.

domingo, 4 de abril de 2010

Do seu eterno amante...


Querida,
Escrevo-te de onde vim parar,
Escrevo-te de onde a luz não para de brilhar.

Queria estar com você
Poder te ver,
Poder te tocar,
Poder te amar.

Você lembra de como a vida costumava ser?
Ou talvez já tenha começado a me esquecer,
Mas eu não esqueci,
Pois foi ao seu lado que sempre vivi.

Quero você aqui do meu lado, meu amor
Para poder aliviar-me desta eterna dor

Não desejo mal a você,
Porém, mal posso esperar
Para poder te ver,
Para com você viver,
Para com você passar
A vida eterna que vim alcançar.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Simplesmente eu


Aqui algumas palavras pra tentar me definir
alguém que acima de tudo ama esportes e ama rir.
Mas pra ser sincero, não sei tudo sobre mim,
eu sou meio complexo e feliz por ser assim.
Não me apego fácil mas não canso de tentar
e pra te ter como importante não preciso te amar
e isso vale pra todos que andam comigo
desde um simples conhecido até meu melhor amigo.
Mas não preciso amar a muitos pra saber o que é o amor,
aqueles a quem amo, amo muito e carrego aonde for.
Sou meio esquentado apesar de não achar certo
mas me controlo o suficiente pra manter vocês por perto.
Sou teimoso, orgulhoso e odeio perder
mas julgo o que está em jogo e sei quando ceder.
Pois apesar de tudo não me envergonho de errar,
é errando que se aprende e também amo melhorar.
Me superar é algo que tento todos os dias,
tentativas que trouxeram decepções e alegias.
Pra escrever este texto eu nem sei o que me deu,
mas concluindo, sou complexo mas simples.
Eu sou simplesmente eu!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Novo autor

Um texto pequeno. Sem conto. Nada demais. Venho informar que a partir de agora temos mais um membro desse pequeno blog e que agora vocês leitores apreciarão também os textos de Vitor Guarino, um amigo meu do colégio. Espero que vocês gostem dos textos dele. Em breve ele vai postar aqui um texto introduzindo a si mesmo. Aguardem pelo novo texto.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Déjà vu

Lá estava ela. Subindo no altar. Estava linda, mais que o usual, era uma deusa na Terra, não havia mulher mais perfeita que ela. "Como pude deixar isso acontecer?" eu pensava. Éramos amigos desde a infância. Eu a amava desde a infância. Agora, eu apenas sofria vendo o amor da minha vida subindo ao altar com outro homem. Eu não conseguira mostrar meus sentimentos a ela, eu fui um covarde. Sofri vendo-a com outros homens, mas no fim, eles sempre terminavam e eu pensava ter uma nova chance. E a desperdiçava. Até vir uma vez que foi definitiva, até vir aquele que a pediu em casamento, aquele que agora se encontrava no altar com ela. Como eu poderia adivinhar que aquele simples beijo chegaria a tanto? Era apenas um beijo. Sentia um grande aperto no coração enquanto os votos eram pronunciados. Não aguentei. Saí. Não aguentaria ver mais nada.
Chamei um táxi em frente a Igreja. Dei o endereço da minha casa e fiquei absorto em pensamentos. Tudo que me vinha na cabeça era ela com ele, ele com ela. O cara errado com a mulher perfeita. Ele era tudo de ruim que ela nunca quis. Fumante e sempre bebendo algo. Como ela foi se apaixonar por ele? Justo ele. Meus pensamentos voaram até a noite de núpcias. Ele tirando seu vestido. Não, eu não posso olhar, por que minha imaginação faz isso comigo? O ciúme me consome, tomando controle sobre mim.
Meu peito começou a doer. Minha visão ficou embaçada. Meu olho se fechou. Escuridão. Nada. Seria a morte? De repente ouço a voz do taxista.
- Chegamos - ele diz.
Eu acordo de meus pensamentos. Não era a morte. Não tinha tanta sorte assim.
Peguei o dinheiro e o paguei. Ao sair do táxi ouço-o falar:
- Segundas chances acontecem, seja otimista.
Subi sem entender o que ele dissera. Deitei na cama como estava. Chorei. Chorei por horas. Chorei até adormecer.
Acordei em um lugar diferente. Onde eu estava? Parece... Parece com... Meu quarto quando adolescente. Corri para a cozinha e lá estava minha mãe, preparando o café-da-manhã. Minha falecida mãe. Corri e abracei-a. Chorando. Ela não entendia nada. Abracei-a como nunca. Ela sem entender falava:
- Filho, deve ter sido só um pesadelo, fica calmo. Olha, a Mariana veio aqui te procurar, mas você tava dormindo, dá uma passada lá na casa dela.
Meus olhos brilharam ao serem ditas essas palavras. Mariana. Seria essa minha segunda chance? Seria tudo aquilo um sonho? Um aviso? Corri para a casa vizinha. Toquei a campainha. Ela atendeu e sorriu ao me ver. Aquele sorriso. Aquele menina. Quem eu amava. E dessa vez, não deixaria que me tirassem ela, não iria perdê-la de novo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sonhos de criança

- Vamos fugir?
- Fugir pra onde?
- Ah, sei lá, vamos para Capelinha.
- E como nós vamos pra lá?
- Simples
Pedro pegou então um pedaço de papel e lápis. Desenhou dois prédios.
- Primeiro a gente tem que dormir um na casa do outro, pra fugir junto.
- É. E depois... Depois a gente pode andar de bicicleta.
- Ótima ideia.
André tomou o papel e desenhou uma bicicleta do lado dos prédios.
- E depois podemos pegar um carro.
E Pedro desenhou um carro, que mais parecia um tijolo, do lado da bicicleta.
- E... E... E podemos pegar um barco depois.
André desenhou um barco logo em seguida.
- E um avião.
Pedro desenhou o avião ao lado do barco.
- É, aí a gente chega em Capelinha.
André completa o desenho com uma casinha ao fim da linha reta repleta de meios de transporte.
- Mapa completo.
- Mas lembra, a gente tem que ficar acordado até todo mundo dormir, pra poder fugir.
- Ok.
Chega a noite. Os dois adormecem e o "mapa" fica sobre a estante. No dia seguinte André acorda Pedro.
- Ei, a gente não conseguiu ficar acordado.
- Droga, vamos ter que deixar pra outro dia.
- É... Vamos brincar de bonecos?
- Vamos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Uma prova de amor

Tarde de verão. O Sol estava sozinho no céu como sempre. Sentia a falta de alguém. Céu azul, a única coisa que se avistava era o Sol. Solitário, o Sol resolveu procurar alguém com quem passar o tempo, alguém para distraí-lo.
Esperou o tempo passar, ficou até mais tarde. A princípio as pessoas na Terra pouco estranharam que a Lua e o Sol estavam no céu ao mesmo tempo, mas para o Sol fora uma grande descoberta. Havia outro alguém no céu. Não só um, pois este outro alguém era rodeado por pequenos “Sóis”.
A Lua acostumada a ver as estrelas se impressionou com o tamanho do Sol, mas não apenas com seu tamanho, viu em seu rosto a solidão, a tristeza de não ter ninguém por perto.
O Sol se aproximou e disse “Estaria tudo bem se nós pudéssemos conversar um pouco?” e a Lua prontamente respondeu “Sim, claro que sim, mas apenas se você puser um sorriso nesse rosto”. E o Sol sorriu. Sorriu como nunca sorrira antes. Neste momento a Terra foi iluminada como nunca antes. O céu ficou completamente dourado. E enquanto isso na Terra acontecia um alvoroço, pois o Sol continuava a brilhar durante a noite, e brilhava como nunca, escondia as estrelas, tudo que se podia ver eram o Sol e a Lua muito próximos.
Então o Sol se apaixonou pela Lua. Então a Lua se apaixonou pelo Sol. E os dois dançavam louca e apaixonadamente. Na Terra apenas podia-se observar uma constante mudança entre a mais completa escuridão e o maior clarão, a loucura estava instalada e o que mais se ouvia era que “o fim está próximo”.
Porém o Sol era quente demais e sua proximidade da Lua começava a machucá-la. Ele percebeu isso e, para protegê-la, resolveu se afastar. E na Terra tudo voltou ao normal.
O Sol e a Lua voltaram a ficar como sempre estiveram, porém sentiam um vazio, sentiam a falta um do outro. De tempos em tempos a saudade era tamanha que eles resolviam se encontrar por um breve momento, breve o suficiente para que a Lua não se machucasse e demorado o suficiente para que eles se amassem. Na Terra este passou a ser descrito como um fenômeno da natureza, foi chamado de Eclipse Solar. Neste momento, todos os habitantes que podiam, admiravam a prova de amor entre o Sol e a Lua.