domingo, 25 de novembro de 2012

Blecaute

De repente tudo ficou escuro. As luzes apagaram e ele mergulhou em total escuridão. Não conseguia mais ver nada. Só sabia que estava em seu quarto, deitado na cama, porque era onde estava até o blecaute, pois se dependesse apenas da visão, não faria a mínima ideia.
Continuou ali deitado e entediado, esperando a luz voltar, até que escutou um pequeno choro. Mas de onde vinha aquele choro? Estava sozinho em casa, não tinha como ter alguém chorando ali. Assustado, levantou-se devagar e foi tateando pela casa em direção ao choro.
Chegou ao banheiro. Ali sua visão começava a se acostumar com a escuridão. Percebeu então que era o único lugar da casa em que isso ocorria, todo o resto da casa continuava imerso em uma escuridão sem igual.
Adentrou no banheiro e procurou a fonte do choro. Procurou até dentro do armário e não achou quem chorava. Desistiu e virou-se em direção a porta. Foi quando viu pelo canto do olho um vulto. Virou e se deparou com o espelho. Pulou de susto ao perceber que dentro dele havia uma criança sentada no chão do banheiro chorando.
“Ei, garoto” chamou receoso, mas não houve resposta.
Aproximou a mão do espelho e, ao tocá-lo, assustou-se novamente. O espelho parecia líquido e sua mão atravessava-o. Mas resolveu arriscar e entrou no espelho.
Tudo era exatamente igual ao seu banheiro, mas de forma espelhada. Aproximou-se da criança.
“Ei, garoto” dessa vez o menino ouviu e levantou a cabeça, o que o fez cair pra trás de susto. O menino era igual a ele quando criança.
O menino então levantou e correu. Ele correu atrás. Mas não por muito tempo. De repente, começou a cair.
Chegou ao chão e a sua frente pôde ver diversas cenas, todas cenas passadas de sua vida. Amigos que fez, namoradas que teve, momentos felizes. Mas de repente as cenas mudaram, passaram a mostrar o que veio depois. Mostrou como ele perdera tudo, diversos amigos, pessoas que ele realmente amou e como tudo aquilo deixara feridas nele.
Começou a cair de novo. Atingiu sua cama onde acordou. Conseguia ver tudo de novo. Estava sonhando. Ou talvez fosse uma maneira de sua mente mostrar pra ele que ele mesmo estava apagando a luz dentro de si.

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