terça-feira, 5 de outubro de 2010

Para sempre

Andava calmamente pela rua. A fina chuva caía sobre a menina, mas ela não ligava, gostava da chuva. A rua estava movimentada. Várias pessoas passavam por ela com seus guarda-chuvas, apressadas para ficar o menos tempo possível sob a chuva. Ela não entendia o porquê, adorava a chuva, principalmente aquela fininha.
Sua caminhada a levou à pracinha, onde finalmente avistou alguém também sem guarda-chuva. Ele estava sentando em um banco com a cabeça baixa. Aproximou-se. O menino soluçava. Estava chorando.
- Eu adoro a chuva - ela disse.
Ele levantou a cabeça, olhou para ela e abaixou novamente.
- É tão bom quando você olha para cima e sente ela pingar e escorrer no seu rosto - o menino continuava calado e cabisbaixo - Sabe, não vale a pena chorar, vamos lá, se anime. Óh, vou cantar pra te animar, sinta-se honrado.
Ela então começou a cantar uma música eletrônica fazendo inclusive os sons da batida. Ele riu.
- Ei, não ria das minhas habilidades supremas de canto - e ele riu ainda mais – Tá, talvez eu não seja a melhor cantora que há.
- Realmente não é - ele falou pela primeira vez.
- Olha como fala, eu to aqui me disponibilizando a te alegrar e você fala assim de mim, mais respeito moleque.
E os dois se encararam e riram.
Aquela pequena conversa se estendeu e quando menos perceberam a chuva já havia passado, ambos estavam sorridentes e rindo e ela se apercebera que tinha que ir.
- Como a gente pode fazer pra se encontrar de novo? - ela perguntou.
- Não sei, eu não sou daqui, então acho que vai demorar um bocado - ele respondeu com pesar - Mas a gente se comunica até lá.
No dia seguinte ele partiu. Durante muito tempo eles trocaram cartas. Mas depois de alguns anos ela parou de receber cartas. Eles perderam contato e deixaram de se falar.
Passado mais algum tempo, a menina já havia superado a perda da amizade pela qual tanto prezava.
Um dia seu cantor preferido ia fazer um show na cidade. Ela foi. Enquanto escutava aquelas músicas que tanto gostava o cantor avisou que cantaria uma música nova. Ela logo ficou ansiosa para escutar como a música seria, mas quando a música começou ela se deprimiu. A música falava sobre uma grande amizade de infância do cantor. Ela se sentiu sozinha.
De repente não via mais nada. Não, não havia ficado cega, não havia desmaiado e muito menos morrido. Duas mãos tapavam seus olhos.
- Odeio multidões, fica difícil achar alguém no meio delas - disse uma voz indignada.
Ela logo tirou as mãos que lhe tapavam a visão e abraçou o menino que não via há tanto tempo. E chorava. Chorava como nunca havia chorado antes.
- Não chore, sorria, sabe, não vale a pena chorar - ele disse.
- Bobo - ela disse limpando as lágrimas e sorrindo - Por que você deixou de mandar cartas?
- Eu não deixei. Foi uma amiga minha que estava com ciúmes. Você acredita que ela estava pagando o carteiro para não entregar as cartas?
- Vindo de você eu acredito nessas esquisitices - e riu.
- Bobona - ele disse rindo - Como você achou que eu iria esquecer de você? Como você achou que eu ia esquecer de uma pessoa tão divertida, tão engraçada. Uma pessoa que conseguiu conquistar minha amizade em poucas palavras. Uma pessoa que me fez ficar mais feliz quando eu estava triste. Uma pessoa que veio divertindo meus dias desde que a conheci. Uma pessoa de um caráter induvidável, super sincera e confiável. Uma pessoa maravilhosa, divertida, engraçada e linda. Como eu esqueceria alguém assim?
Ela o abraçou chorando novamente. A música terminava ao fundo. Os dois assistiram ao resto do show juntos. Abraçados. E aquela amizade duraria por muito tempo. Da maneira como os dois queriam desde o início.

6 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bárbara Drude disse...

Como sempre, seu texto está maravilhoso, Bruno. Parabéns, poeta! =)

Julianna disse...

o inicio está legal, mas acho que tinha que ter sido maior para encaixar com umas partes perdidas do texto.

Bruno disse...

Julianna, eu reduzi ele um bocado em relação a como ele tava na minha cabeça, talvez por isso vc tenha achado isso. Não dava pra eu pôr tudo que me veio a cabeça, senão ninguém ia ler pq ia ficar muito grande >.<

Anônimo disse...

tinha que ser para mim, né? *-*
tá linnnndo, (:

Vitor Guarino disse...

primeiramente, ótimo texto cara. em segundo lugar, quem é a "anônima pra quem esse texto foi escrito?